UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA AMAZÔNIA: INTERESSES, CONFLITOS E ESPERANÇAS NA ÁREA DO MOSAICO DE CARAJÁS-PA
Gestão ambienta; mineração; conflitos agrários; geossistemas
A região sudeste do Pará é caracterizada historicamente tencionada por intensas atividades econômicas, desde as práticas extrativistas, pecuária, monocultura, até a extração de minério na Serra dos Carajás (SILVA, 2020). Por essas tensões tem-se a criação de um mosaico de UCs . A região da Serra dos Carajás é constituída por um Mosaico de Unidades de Conservação de diferentes categorias de manejo: a Floresta Nacional do Tapirapé-Aquiri, a Reserva Biológica de Tapirapé, a Área de Proteção Ambiental do Igarapé Gelado, a Floresta Nacional de Itacaiúnas, a Floresta Nacional de Carajás, e mais recentemente o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos (MARTINS, KAMINO, RIBEIRO, 2018).
O mosaico está inserido nas relações da província mineral, ou seja, aos interesses de exploração econômica, sob o domínio do atual grupo Vale. As paisagens da região de Carajás envolvem uma das maiores províncias minerais do mundo, propiciando a extração do ferro, manganês, níquel, cobre, ouro, bauxita, entre outros (ICMBio, 2016). Nesse sentido, há uma série de interesses, porque há uma diversidade de sujeitos sociais/políticos que historicamente possuem distintos interesses por essa área, sejam aqueles que desejam a apropriação, por vezes ilegal da terra para a expansão capitalista da agropecuária e da mineração, os povos originários que desejam manter seus territórios, os povos do campo, que anseiam pela terra para sua reprodução social.
Em contrapartida, há também o interesse ecológico e ambiental, que ressalta a importância da paisagem ponto de vista físico natural, e conservação da biodiversidade (VIDAL, MASCARENHAS, 2020), consequentemente, para a sociedade. A diversidade biológica produz impacto social, econômico e ambiental positivos.
Nesse sentido, surgem os conflitos, haja vista que essa gama pressões, interesses e de sujeitos irá colocar em contraposição justamente os desejos antagônicos: conservação da biodiversidade versus expansão da fronteira agropecuária; os distintos usos das áreas de entorno das unidades de conservação que compõem o Mosaico de Carajás, trazendo a necessidade de se conhecer quais são os usos permitidos em tais áreas e quais são os usos reais.
Por outro lado, é possível pensar em esperanças, no sentido de que, a partir de uma gestão socioambiental, que caracterize as unidades de paisagem do mosaico Carajás conforme o diagnóstico Geoecológico, e da identificação dos sujeitos que têm relações diretas ou indiretas com o Mosaico, com as populações do entorno, etc, quiçá seja possível elaborar um modelo de gestão que possa aliar a conservação da biodiversidade e desenvolvimento econômico alternativo.
Perguntas de pesquisa
· Como se caracterizam as unidades de paisagem do Mosaico de Carajás-PA?
· De que forma se dão os interesses e conflitos no mosaico?
· Quais as medidas de gestão socioambiental para a área de estudo?
Objetivo Geral:
Analisar como o Mosaico de Carajás-PA se constitui numa expressão de territorialidade de diferentes interesses e sua importância para o desenvolvimento socioambiental.
Objetivos específicos:
· Delimitar e caracterizar as unidades de paisagem do Mosaico, de acordo com as bases geoecológicas;
· Identificar os interesses e conflitos potenciais e existentes na área do Mosaico e seu entorno, a partir das diferentes perspectivas de uso e apropriação da terra;
· Propor medidas de gestão ambiental territorial para a área do Mosaico de Carajás, que possa conduzir a possibilidades de desenvolvimento socioambiental.