MARIAS EM MOVIMENTOS:
O corpo-território a partir da r-existência das mulheres acampadas em Canaã dos Carajás (PA)
Corpo-território; Mulheres em Movimentos; Mineração; Interseccionalidade; Canaã dos Carajás.
Esta pesquisa é sobre mulheres em movimentos impactadas pela mineração no município de Canaã dos Carajás, especialmente, sobre a r-existência protagonizada por elas. Analisamos como o conflito territorial entre a grande mineração e as (os) acampadas (os) é parte constitutiva do corpo-território dessas mulheres. Adotamos uma abordagem de pesquisa qualitativa, tendo como metodologia a história oral (ALBERTI, 2019). Além disso, realizamos um levantamento e análise bibliográfica, seguidos de alguns trabalhos de campo, registros fotográficos, bem como, analisamos algumas narrativas retiradas de fontes secundárias. Neste trabalho, todas elas são chamadas de Maria, e mais um complemento escolhido por elas. Como referencial teórico, dialogamos com Malheiro (2019, 2020, 2021), que nos auxilia a compreender a mineração como um processo de territorialização, com Butler (2015, 2019) para discutir sobre o estado de vulnerabilidade e precarização que essas mulheres são colocadas a partir de múltiplas opressões, ressaltando a intersceccionalidade que cruza esses corpos (COLLINS, BILGE, 2021). Dialogamos com algumas autoras a partir da concepção de corpo-território (CHAVES, 2021; CABNAL, 2013; CRUZ et al., 2017 e SEABRA, 2021) e enfatizamos que o mundo “produzido pela mineração” não reconhece a reprodução do corpo-território das mulheres (FEDERICI, 2019). Contudo, como resultado deste trabalho, observamos que a luta contra a mineração é protagonizada pelas mulheres, que além de precisarem travar uma luta de classes, enfrentam as desigualdades de gênero até nos movimentos sociais. Apesar dessas contradições de origens patriarcais, afirmamos que no município de Canaã dos Carajás, a luta pela terra e em defesa do corpo-território se consolida a partir das políticas protagonizado pelas mulheres em movimentos. Marias, são mulheres que, no cotidiano de enfrentamentos, iniciam um projeto político despatriarcalizador em um território da mineração.