TURISMO E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA: REFLEXÕES A PARTIR DA FLORESTA NACIONAL DE CARAJÁS
Turismo Ecológico; Desenvolvimento; Unidades de Conservação; Estado; Amazônia.
Esta dissertação tem como objetivo refletir sobre a construção do turismo ecológico na Floresta Nacional de Carajás (Flona Carajás), localizada no sudeste do estado do Pará, na região de Carajás, que surge como alternativa de prática sustentável na natureza em um território de interesses contraditórios e com intensos conflitos socioambientais, fruto das políticas de desenvolvimento implementadas pelo Estado na Amazônia a partir da década de 1960. No processo de reprodução do capitalismo, a natureza é apropriada como uma mercadoria, sendo ele o responsável pelos conflitos socioambientais da modernidade. As Unidades de Conservação (UCs), representam a tentativa de proteção da biodiversidade e manutenção de um ambiente equilibrado na sociedade industrial, mas também reforçam o controle desses territórios pelo Estado, que imerso em uma relação de colonialidade, reproduz uma visão antropocêntrica de dominação e de exploração da natureza. A Flona Carajás se divide em objetivos controversos entre a conservação, a exploração mineral e o uso sustentável da natureza por meio do turismo ecológico. O trabalho parte de uma abordagem qualitativa, a fim de refletir o contexto socioambiental de formação da Flona Carajás e de sua recente relação com turismo. Como referencial teórico, foram levantadas categorias como: turismo ecológico (PIRES, 2000), desenvolvimento (SANTOS at al., 2012), conflitos socioambientais (ACSELRAD, 2004) e colonialidade do poder (QUIJANO, 2005). Para coleta de dados foram analisados documentos técnicos, visitas in loco entre os anos de 2018 e 2021, participação de reuniões remotas do Programa de Uso Público da Flona Carajás, realizadas entre os anos de 2021 e 2022, além de entrevistas semiestruturadas com os atores sociais chaves neste processo de formação do turismo ecológico. Conclui-se que o turismo ecológico na Flona Carajás, pode contribuir para o maior acesso da população aos bens naturais, com a conservação da natureza e redução das desigualdades sociais. Porém, o discurso ecológico para atender os interesses mercadológicos, pregado por alguns atores sociais, pode ocultar conflitos socioambientais já existentes.