SUJEITOS ASSENTADOS E SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO FORMAL NO CAMPO: UM ESTUDO DE CASO NO ASSENTAMENTO 26 DE MARÇO EM MARABÁ.
Educação do Campo; Movimentos Sociais; Educação Formal.
Neste trabalho nos propomos a estudar as concepções de educação no Assentamento 26 de Março, em Marabá-PA, a partir das organizações (associações) que compõem este assentamento, a Associação dos Trabalhadores Rurais do PA 26 de Março (Aproterra) e a Associação dos Pequenos Produtores Rurais Familiares do PA 26 de Março (Asprupam), e suas relações com a educação formal a partir do Sistema de Organização Modular de Ensino- SOME. Objetivamos a partir das concepções destas duas associações, problematizar as discussões em relação à educação do campo, suas implicações com a educação escolar ofertada pelo Estado do Pará. A metodologia utilizada é de cunho bibliográfico, a partir de um estudo de caso com aporte da história oral temática como possibilidade de compreender os dilemas humanos nesta relação. Os resultados indicam que a educação do campo, tal como se apresenta atualmente é fruto de um intenso processo conflituoso entre as elites deste país e os movimentos sociais. Tais conflitos vêm ocorrendo desde os primeiros séculos onde o país era colônia e se prolongam até os dias atuais. Ao longo dos tempos os movimentos sociais foram percebendo que a educação é também um instrumento de poder, e que precisavam de uma educação do e para o campo, uma educação que lhes garantisse liberdade, autonomia, enfim, cidadania. A educação que o Estado lhes oferecia em raros momentos, era/é totalmente adversa a seus interesses. Apontamos haver uma contradição entre dois projetos de se pensar a educação na região de Marabá, dentro do Assentamento 26 de Março. Isto se reflete já na sua própria organização, considerando a existência de suas associações, portanto, de concepções políticas diferenciadas, e que refletem na compreensão da importância ou não de como se dá a relação com a educação formal, empreendida pelo programa SOME, neste sentido, consideramos que neste momento a educação formal se distancia da proposta educacional defendida pelo MST, tornando-se única e exclusivamente uma escola no campo.