O interdiscurso e o massacre de Eldorado dos Carajás no espaço discursivo do jornal Folha de São Paulo
Massacre de Eldorado dos Carajás; Folha de São Paulo; Memória; Discurso
O presente trabalho tem como objetivo analisar, a partir de aportes teóricos da Análise de Discurso de linha francesa (doravante AD), de que modo os já-ditos (interdiscurso) são postos em funcionamento nos textos do Jornal Folha de São Paulo quando este passa a noticiar os conflitos desencadeados em torno da posse da terra a partir do acontecimento nomeado de O Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido no sudeste do Pará em 17/04/1996, quando 19 trabalhadores rurais sem terra foram mortos em confronto com a polícia do estado do Pará. Embora este fato tenha sido noticiado em muitos jornais do Brasil e também fora do país, escolhemos o espaço discursivo daquele jornal para empreendermos nossa pesquisa por considerá-lo uma mídia de alcance nacional, de modo que ao disseminar suas matérias sobre o fato, estas, entendidas como discursos, deixam “rastros” que indiciam interpretações dos fatos, suas relações com uma memória sobre o MST, assim como as filiações ideológicas do jornal. Nossas análises focalizam, por um lado, o trabalho de controle de sentidos hegemônicos exercido pela mídia, sempre orientada por sua posição ideológica; por outro, a emergência de discursos em disputa, resultantes das contradições históricas.