DISCURSO, SABERES E IDENTIDADE DO PEDAGOGO: MEMÓRIAS DOS
EGRESSOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DA INTERIORIZAÇÃO DA UFPA/MARABÁ
formação docente; identidade; análise de discurso; dinâmicas socioeducacionais; pedagogia.
O propósito desta pesquisa é problematizar, a partir de um olhar interdisciplinar, a constituição identitária de pedagogos/as egressos/as da Universidade Federal do Pará em Marabá, Pará, região amazônica do Brasil. Analisa-se a relação discursiva que os sujeitos mantêm com os saberes da sua prática, discutindo as contribuições do curso de Pedagogia (saberes acadêmicos) para a formação de sua identidade, através dos discursos docentes/pedagógicos/acadêmicos que subjetivam os/as oito pedagogos/as sujeitos da pesquisa. A pesquisa resulta de uma inquietação gerada pelo afastamento da universidade em relação à escola pública observada por Boaventura de Sousa Santos, segundo o qual os saberes pedagógicos são pauta fundamental da pesquisa em educação. Como condições de produção do discurso, é analisado, num movimento, o percurso histórico da universidade, seus vários modelos, suas relações com o capital; noutro movimento, o histórico do curso de Pedagogia no Brasil é estudado, destacando-se seus enfrentamentos com relação ao perfil e identidade do pedagogo. A partir desses conceitos discutem-se as relações universidade pública e educação básica, advogando-se a superação da dicotomia entre teoria e prática e assumindo-se a opção pelo conceito de práxis na interpretação dos saberes pedagógicos. O aporte teórico-metodológico mobilizado é a Análise de Discurso Francesa; com este aporte, são propostas aproximações teóricas com os conceitos de identidade e práxis, considerando que o discurso, por ser heterogêneo e ideológico, é constitutivo dos processos de produção de identidade, a qual, por sua vez também é ideológica, fragmentada, múltipla. O dispositivo de análise é organizado a partir dos conceitos de contradição, metáfora, paráfrase e esquecimento, demarcando-se a presença do discurso “outro” (heterogeneidade, interdiscurso), a textualização da ideologia e das relações de poder atravessando os enunciados dos sujeitos, produzindo efeitos de sentido. Tais efeitos de sentido são relacionados, buscando regularidades e remetendo-os a formações discursivas e ao interdiscurso. Dentre os resultados, destacam-se, no funcionamento dos discursos, indícios de um conceito de práxis docente a partir do afeto e realização através da docência; contradições e deslizamentos nas memórias sobre saberes acadêmicos, indícios de um conceito de extensão universitária que parte da escola, com foco no professor. Tais regularidades remetem a formações discursivas que assumem a formação em pedagogia como sólida fundamentação teórica, filosófica e política; elaboram a docência como ponto de passagem e pré-requisito para outras funções; representações de relações equívocas entre universidade e a escola e processos de resistência ou autodefesa político pedagógica, interpretadas como táticas em favor da minimização dos sofrimentos da profissão. A perspectiva identitária produzida discursivamente se assenta afetivamente na docência, no entanto, se anuncia mais competente para as funções de gestão e coordenação dos processos pedagógicos, ou para funções fora do trabalho propriamente escolar, tidos também como espaços de menor sofrimento.