NARRAR A DOR PORQUE LUTAR É PRECISO: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA LITERATURA DE TESTEMUNHO EM POESIAS DE TRABALHADORES SEM-TERRA
Poesia, MST, Literatura Testemunhal, Discurso
A presente pesquisa tem por objetivo analisar poesias do MST (Movimento dos trabalhadores Sem-Terra) que circulam dentro do movimento, como literatura de testemunho a partir da ótica discursiva. As poesias que serão analisadas, são aquelas utilizados pelo MST nas místicas do movimento como formas de resistência e para impulsionar os trabalhadores na luta, a poesia no movimento assim como outros gêneros artísticos possui não só esse viés de resistência e animação, mas também uma vertente pedagógica para que o trabalhador se eduque pela arte a partir das experiências de violência a qual são constantemente submetidos. A pesquisa será desenvolvida a partir da teoria da Análise do Discurso na tentativa de relacionar a noção de acontecimento discursivo em Michel Pêcheux (1999) e formação discursiva de Michael Foucault (1997). A pesquisa está em andamento, mas se tem como produção inicial as discussões a respeito da criação e territorialização do MST na região do Estado do Pará a partir dos autores que discutem a história da região. Apresentandotambém uma discussão para a composição do estado da arte do trabalho, dessa maneira são discutidos preliminarmente os conceitos de literatura de testemunho, e os conceitos de memórias coletiva, memória individual e memória traumática. Como trabalho analítico parcial, são analisadas duas poesias que circulam no MST destacando a presença dos conceitos no campo discursivo. A partir das análises, analisamosa existência de uma linguagem que valoriza a experiência de luta, do trauma e da violência para impulsionar as formas de luta e resistência que ganham outra dimensão no campo da arte e da literatura, se constituindo enquanto um testemunho da violência em que os sujeitos estão submetidos. A arte nesse sentido se constitui como um espaço que esses sujeitos se apropriam seja para criar a produção e circulação de um herói, como observamos no primeiro poema intitulado “Oziel o Zumbi do Pará”, no qual o poeta se esforça para criar uma produção discursiva de herói como referência aos trabalhadores do movimento a partir da memória de dois sujeitos que marcaram a história.Colocando-setambém um espaço para o uso da memória de massacres, como o Massacre de Eldorado dos Carajás como instrumento de luta e resistência, que observamos no segundo poema intitulado “O sangue jorra”, no qual o poeta faz uso da memória dando um novo significado a partir do contexto de luta que o movimento vivencia.