DISCURSO CANIBAL, ENTRE TORNAR-SE O OUTRO OU INVENTÁ-LO: Processos de subjetivação do sujeito indígena no domínio da saúde mental
Amazônia. Povos Indígenas. Processos de subjetivação. Análise
de discurso.
O presente trabalho tem como objetivo analisar discursos produzidos em esferas
institucionais da área de Saúde no Sul e Sudeste do Estado do Pará – Brasil, com o
propósito de compreender como se configuram os processos de subjetivação dos
indígenas, no domínio de práticas discursivas da saúde mental. Para desenvolver
nossas reflexões, mobilizamos o estudo da produção de subjetividades a partir de
uma perspectiva interdisciplinar. Inicialmente tomamos os estudos póscoloniais/
decoloniais, que nos propiciaram a análise crítica da alteridade, a partir das
categorias de estereótipo, imaginário colonial, modernidade como invenção e
colonialidade do poder; por outra parte, trazemos os conceitos da arqueogenealogia,
biopolítica e biopoder, na perspectiva foucaultiana, para apreender como se
apresentam no discurso as relações entre saber, poder e verdade. O corpus está
conformado por entrevistas realizadas com quatro funcionários da área de saúde,
complementadas com uma entrevista realizada com um indígena da etnia Xikrin.
Nossas análises mostram como as práticas discursivas sobre os indígenas
produzem efeitos de verdade, no domínio de uma biopolítica de controle dos corpos,
traduzindo-se em processos colonizadores de imposição de discursos por meio de
dispositivos coloniais. Finalizamos identificando as práticas de liberdade como
processo de resistência do conhecimento próprio dos indígenas, desde uma leitura
descontinua da história.