O papel da memória em processos de deslocamento do povo Akrãtikatêjê: dinâmicas da construção territorial indígena
Akrãtikatêjê, memória, território, narrativas, projetos econômicos
Esse trabalho pretende analisar como se constroem as memórias no processo de deslocamento territorial do povo indígena Gavião Akrãtikatêjê – localizados na região Sudeste do Pará na cidade de Bom Jesus do Tocantins –, partindo das narrativas através da memória de alguns moradores de gerações diferentes da aldeia Akrãtikatêjê. Baseado em percurso metodológico de viés interdisciplinar envolvendo pesquisas bibliográficas e pesquisa de campo antropológica pretende-se apresentar a relação conflituosa entre indígenas e não-indígenas dentro do território, bem como os projetos econômicos sob a égide do Estado que se instalaram na região amazônica e passaram a avançar sobre seus territórios, impondo-os territorializações diferentes e resultando no processo arbitrário de deslocamento dos indígenas. Buscaremos através da memória desses indígenas problematizar a constituição da trajetória de deslocamentos entre jovens e velhos da aldeia, partindo desde as narrativas de deslocamentos compulsórios que a etnia vivenciou em seu antigo território na região da montanha, localizado na cidade de Tucuruí do estado do Pará, consequência da instalação de uma hidrelétrica na década de 70, até a elaboração da pertença e dos novos sentidos atribuídos ao território atual. A sobreposição das imagens e lugares da memória a partir dos relatos e os novos sentidos para as lutas e enfrentamentos no presente se entrelaçam, de um lado, à história ancestral pela manutenção do território, e, ao mesmo tempo, pela memória do contato com as práticas culturais do não-indígena