DESTERRITORIALIZAÇÃO E RETERRITORIALIZAÇÃO NO CICLO ROMANESCO DE DALCÍDIO JURANDIR:
CAMINHOS ENTRE CACHOEIRA E BELÉM
Desterritorialização. Reterritorialização. Multiterritorialidade. Território. Dalcídio Jurandir.
O Ciclo do Extremo-Norte é um conjunto de dez romances, escritos pelo paraense Dalcídio Jurandir, que contam a saga de seu herói, Alfredo. A obra foi projetada mediante a necessidade de compreender peculiaridades que permeiam a formação identitária do homem amazônida, processos específicos que o constituem como indivíduo do Norte, bem como suas origens, principalmente em função dos resultados dos deslocamentos por que passaram. Esta pesquisa propõe identificar os caminhos percorridos por Alfredo, apresentados pelo autor como uma nova possibilidade, compreendendo o pobre, o indivíduo errante, sem destino, em busca de assegurar um lugar que considere seu território, a fim de eximir-se da exclusão e da exploração históricas que acometem, como marca indiscutível, a herança social que lhe é inerente. O trabalho objetiva interpretar a teia estética que Dalcídio tece, enredando os movimentos nômades que envolvem seus personagens. Para isso, foi escolhida a análise do conceito de Desterritorialização, elucidado por Rogério Haesbaert (2004) e cunhado por Deleuze e Guatarri (1980). Partindo desse pressuposto, este trabalho discute tais deslocamentos ou trânsitos, e ainda os conceitos de território, desterritorialização, reterritorialização e, por fim, multiterritorialidade, basilares na obra dalcidiana. Para efetivação dessa discussão, é necessário um amparo técnico específico, como: Haesbaert (2004), Deleuze e Guatarri (1980), Barthes (2004), Bhaba (1998), Bourdieu (2013), Furtado (2010), Paulo Nunes (2007), Benedito Nunes (2009), Hall (2006), Said (2005), Santiago (2000), Assis (1992) e Bolle (2012). Os resultados obtidos comprovam a dedicação de Dalcídio Jurandir à empreita de apresentar o ser múltiplo e distinto que é o amazônida, formado por uma fusão atípica de eventos históricos, geográficos e sociais, dos quais procederam uma cultura muito própria, um panorama social adverso, muitas vezes oposto ao apresentado superficialmente e de forma estereotipada em grande parte das produções artísticas e literárias destinadas ao grande público.