O ETHOS DE FERNANDO HADDAD NAS ELEIÇÕES DE 2018: UMA ANÁLISE ARGUMENTATIVO-DISCURSIVA.
Discurso Político. Ethos. Argumentação.
A eleição, ritual periódico e legitimado, é um procedimento de escolha de candidatos para o exercício de poderes na sociedade, momento em que os atores políticos utilizam variadas estratégias a fim de conquistar o voto do público eleitoral. Pensando no jogo discursivo instaurado, propomos uma análise qualitativa, de cunho interpretativista, da entrevista de Fernando Haddad ao Jornal Nacional, telejornal da Rede Globo de Comunicação, no primeiro turno das eleições, em 2018, quando concorreu à Presidência da República. Consideramos o ato de comunicação um dispositivo cujo centro é ocupado pelo locutor em relação ao seu interlocutor, sendo que o locutor, mais ou menos consciente das restrições impostas pela situação de comunicação e levando em conta a sua própria identidade, a imagem que faz do seu interlocutor e do que já foi dito, molda o seu discurso a partir dessas condições. Temos como objetivo geral identificar quais os principais ethé, a partir da análise das estratégias discursivo-argumentativas, que Fernando Haddad mobiliza durante a entrevista supramencionada, evidenciando como esses mecanismos discursivo-argumentativos estão presentes no corpus. Utilizamos como base teórica a Análise do Discurso de linha francesa, na perspectiva adotada por Charaudeau (2011, 2016) em sua teoria Semiolinguística, especialmente as concepções que propõe sobre o discurso político, cujo papel é essencial na fundamentação deste trabalho, bem como sua proposição sobre o ethos como estratégia do discurso político e, ainda, sobre os modos de organização do discurso, mais especificamente os modos enunciativo e argumentativo. Outras abordagens que dizem respeito à noção de ethos, em Amossy (2019) e Maingueneau (2019) são aqui consideradas. Por meio da análise do corpus, foi possível descrever a organização da encenação argumentativa e a construção do ethos ao longo da entrevista, em que o político-candidato faz uso dos ethé de credibilidade e de identificação, além do discurso de justificação, destacando os seus efeitos de sentido. Foi possível também compreender a constituição do discurso político como fato social num espaço de estratégias e restrições por intermédio da descrição tanto do contrato de comunicação quanto da situação de comunicação.