O negro e o indígena na literatura de expressão amazônica brasileira: uma leitura dos romances Chove nos Campos de Cachoeira, de Dalcídio Jurandir e Cinzas do Norte, de Milton Hatoum
Literatura das Amazônias; representações de gênero e raça; opressão; Estudos culturais.
É sob a temática desta pesquisa- O negro e o indígena na literatura de expressão amazônica
brasileira: uma leitura dos romances Chove nos Campos de Cachoeira, de Dalcídio Jurandir e
Cinzas do Norte de Milton Hatoum- que se dispõe, a partir de reflexões críticas, materializar e
compreender um dístico que se deu, ao longo do tempo, sem aparato científico: o patriarcado-
racial. Uma invenção que, como ferramenta importante àqueles que estavam na posição de
poder, subjugou e aniquilou, sob performance desta fantasia, corpos em desvio ao “homem
perfeito”. Este que se constrói em tempos remotos e rutila-se, em cada ciclo da vida humana,
sobre a mulher, sobretudo a de cor. No primeiro, pela ausência do pênis e assimetria corporal,
implicando um ser menor, mutilado, sem humanidade, um “animal”; o último, um corpo
degenerado com funções sociais e políticas a partir do pensamento de raça. Um sistema
biopolítico que, com sua versatilidade no tempo, submerge em todos os ramos da natureza
humana, em especial naquilo que o ser humano usa como meio de expressar suas emoções,
sua história e sua cultura: em poéticas; principalmente aquelas do terceiro mundo as quais
trazem heranças genéticas eurocêntricas, como as da Amazônia. Para tanto, autores como
Spivak (2010), bell hooks (2022), Fanon (1983), Mbembe (2014), Hall (2005), Bhabha (1998) e
outros nos possibilitam itinerários pelo feminismo, amor à negritude e aos Estudos culturais
como proponentes capazes de levar à ruína o pensamento sexista-racial e encostar fendas
que, balizadas pelo juízo do homem branco, foram delimitadas a partir de conceitos de
identidades puras e completas.