NARRATIVA DO TRAUMA EM TORQUEMADA DE AUGUSTO BOAL
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O trauma é uma lesão que se instala na memória do oprimido, e essa ferida sempre traz em cena a lembrança do momento traumático. A Literatura de Testemunho traz as vozes silenciadas dos sobreviventes de um evento histórico, a testemunha narra o que viveu ou presenciou. Por este viés, as barbáries da ditadura no Brasil estão presentes nas memórias daqueles que vivenciaram ou presenciaram, estão memórias são configuradas através da literatura, cinema teatro, entre outras linguagens artísticas. Essas narrativas vêm dando voz aos oprimidos que estiveram nesses episódios traumáticos. Este trabalho objetiva analisar a peça Torquemada (1971) do dramaturgo Augusto Boal, identificando as marcas do testemunho e como esse testemunho é realizado a partir das narrativas do trauma no teatro de resistência de Boal. Como também, destacar os conteúdos de testemunho no texto de Boal que resultaram do período em que esteve preso pela contestação à ditadura no Brasil; compreender a produção estético-política de Augusto Boal na obra Torquemada, identificando o testemunho e a arte de resistência na década de 1970; e por último, apontar em suas narrativas o testemunho dos horrores da ditadura e a resistência na luta contra a opressão. Os principais pressupostos teórico-metodológicos a serem utilizados serão, a Teoria do Testemunho; Seligmann-Silva (2000, 2003, 2008), Valeria Demarco (2004); Teatro e Literatura de Resistência; Augusto Boal (2013, 2014); Alfredo Bossi (2002). Essa análise será realizada a partir das narrativas do Trauma e da Tortura; Glauco Matosso (1984), Pietro Verri (2000), Maren e Marcelo Vinã (1992), entre outros.