O SÍTIO DO PICAPAU AMARELO EM "O SACI", DE MONTEIRO LOBATO: Um estudo sobre a espacialidade
Monteiro Lobato. Saci. Espaço. Cronotopo. Topoanálise.
O sítio de Dona Benta mostra-se como um campo mágico dentro da narrativa de
Monteiro Lobato, onde é possível expandir a fantasia. A materialidade desse espaço
ficcional constitui-se importante para a convergência dos espaços imaginários e
encantados das aventuras de seus moradores. Em 1920, Lobato publicou seu primeiro
livro para crianças, A Menina do Narizinho Arrebitado, o primeiro de muitos outros que
viriam a compor a Saga do Sítio do Picapau Amarelo. Em 1921, Lobato fez a primeira
publicação de O Saci, recriando a personagem do Saci Pererê, agora para o universo
infantil, e ligando-a ao Sítio de Dona Benta. Neste livro marca-se a chegada de Pedrinho
ao sítio da avó, o menino percorre a floresta e os pastos do entorno até chegar à casa de
Tio Barnabé, o que posteriormente permite que aconteça seu encontro com o saci e as
aventuras vividas na floresta. Essas aventuras expandem a espacialidade do sítio para
além dos cronotopos da varanda, do pomar e do ribeirão vistos nas aventuras de
Narizinho. Em O Saci (1921), onde o espaço do sítio aparece pela primeira vez bastante
caracterizado, temos por objetivo conduzir investigações a respeito desse espaço que,
em sua materialidade ficcional, apontamos como a “terra base”, de onde as personagens
partem para suas aventuras nos espaços da fantasia. Portanto, a pesquisa pode ser
denominada de exploratória, possuindo características do tipo descritiva, pois se destina
prioritariamente a delinear as percepções de espaço nas concepções teóricas propostas
por Bakhtin (2003), através do cronotopo que aponta para leitura das camadas espaços-
temporais históricas de um texto literário, seguido de Bachelard (1993), com a
topoanálise que compreende o espaço através de sua leitura psicológica ao apontar para
sua poeticidade. Por fim, Borges Filho (2008), através de seus estudos, aponta que o
conceito de topoanálise é amplo, pois compreende que o espaço é uma dimensão mais
dinâmica do que aparenta e, com isso, traçamos intermediações com Santos (2006), que
em sua conceituação de espaço aponta que esse existe somente através de forças
produtivas humanas que transformam a paisagem.