NARRATIVA DO TRAUMA EM TORQUEMADA, DE AUGUSTO BOAL
Teatro; Trauma; Testemunho; Resistência; Augusto Boal.
O presente trabalho investiga na obra teatral de Augusto Boal as marcas testemunhais de um período sombrio no Brasil, a ditadura que se instalou no país em 1964, após o golpe de Estado. Aqui nos concentramos na década de 1970, período em que Augusto Boal foi preso e exiliado. Traçamos um diálogo dentro da narrativa do trauma, sendo esse o teor principal de sua obra, pois o autor, através da obra visualiza o trauma sofrido neste período. Temos como objetivo neste trabalho identificar as marcas testemunhais e como o testemunho é apresentado dentro da obra a partir da narrativa do trauma. Para o desenvolvimento desta investigação, procuramos dialogar com autores das diversas áreas de conhecimento, literatura de testemunho e resistência, psicanálise e teatro. Para chegarmos ao resultado final fizemos um percurso da história do teatro brasileiro com recorte nas décadas de 1960 a 1970, bem como o caminho trilhado por Boal, tendo como ponto de partida seu ingresso no Teatro de Arena até o seu exílio e a sistematização do Teatro do Oprimido, fizemos ainda uma reflexão sobre a teoria do testemunho ao longo da História; e no intuito de compreendermos como vive o sobrevivente do trauma com a ferida instalada na memória, bem como seus corpos silenciados e violentados pelas barbáries, traçamos uma discussão no campo psicanalítico. A peça traz lances de momentos vivenciados e presenciados por Boal, estas cenas são conectadas pela presença do Coringa que funciona como mediador. O papel do coringa na peça é crucial, pois este não só liga as cenas, mas leva o público a compreensão das cenas com suas explicações.