LETRAMENTO LITERÁRIO E CULTURAL NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: QUE LITERATURA ENSINAR? QUE TEXTOS LER?
Letramento literário e cultural; Estudos culturais e pós-coloniais; Amazônia; Eneida de Moraes; Milton Hatoum.
Este estudo propõe uma reflexão sobre o ensino de literatura nas séries finais do ensino fundamental, com o objetivo de discutir letramento literário e cultural a partir de narrativas de expressão amazônica, como as crônicas Banho de cheiro e Tanta gente, de Eneida de Moraes, e a novela Órfãos do Eldorado, de Milton Hatoum. A proposta consiste naquilo que se tem discutido na contemporaneidade, que coloca a necessidade de se ter para cada comunidade um letramento diferente, não limitado às obras de autores canônicos, mas que considere as diferenças culturais que cada localidade/comunidade apresenta; desconstruindo a ideia de literatura universal, segundo a qual uma obra pode retratar a realidade de diferentes sociedades. Pensar um letramento literário dentro dessa perspectiva cultural, partindo das obras de uma escritora paraense e de um amazonense para só depois trabalhar outras literaturas, possibilita refletir sobre as especificidades da cultura e modos de ser e viver das pessoas que vivem no local, e seus desejos de uma auto representação. Não queremos, contudo, propor a negação do cânone e com isso assumir o discurso da unilateralidade do saber, a proposta é extrair tanto da literatura local quanto da “universal” o que, para a formação dos alunos/leitores, seja imprescindível. O referencial teórico da pesquisa sustenta-se em pressupostos dos Estudos Culturais e pós-coloniais, assim como teorias formuladas na América Latina, que têm questionado modelos e formas de um pensamento estabilizador. Dentre os modelos questionados inclui-se os processos de letramento que, negligenciando diferenças culturais importantes, têm imposto formas de letrar a partir de paradigmas, obras e autores únicos e universalizantes