Rasuras no “chão dos lobos” – a poética de fronteira de Charles Trocate
Fronteira pedagógica; Fronteira Política; Literatura emergente; Poética Amazônica.
Este trabalho tem como finalidade repensar e problematizar, criticamente, a homogeneidade e institucionalização do conceito de literatura e seu suposto papel hegemônico. Além disso, busca contribuir com imprescindíveis reflexões a respeito do conceito de poesia, a partir da concepção de linguagem como plurissignificativa e, que por conta disso, coopera para ampliar a elaboração crítica sobre as poéticas. As obras analisadas - Poemas de Barricadas; Ato Primavera; Bernardo – meus poemas de combate e 1993 – compõem parte do corpus da pesquisa e representam, até o presente momento, toda a expressão poética do poeta amazônida Charles Trocate, publicadas entre os anos de 2002 a 2015. Partindo dos pressupostos de que a poética de Trocate possui atuações políticas e pedagógicas sobre a forma de poder que atuam na Amazônia, no intuito de interrogar o processo de espoliação da paisagem e dos sujeitos amazônidas e, de que as realidades condicionam, em parte, a estética trocatiana é que se busca compreender os processos de mobilidade, heterogeneidade e de alteridade presentes tanto na conformação estética quanto de conteúdo dentro da representação dessa poética fronteiriça. Busca-se com isso construir epistemologicamente alternativas contestadoras capazes de evidenciar as poéticas emergentes, produzidas em regiões de fronteira. Dentre tais perspectivas críticas destacam-se teorias pós-coloniais e os pensamentos críticos latino-americanos, capazes de desestabilizar e rasurar noções homogêneas e eurocêntricas de literatura e de cultura. Assim, nas análises empreendidas ao longo dessa pesquisa delineia-se a existência de múltiplas fronteiras materiais e imateriais na expressão poética de Trocate. A proposta tem um aporte bastante amplo que vai desde autores como Romi K, Bhabha, Ana Pizarro, Zilá Bernd, Alfredo Bosi, Antonio Candido, Roland Barthes, entre outros, pela importância que possuem ao desenvolver posições críticas que, interrogam bases críticas e epistemológicas que podem contribuir par desestabilização de pensamentos hegemônicos.