DISSÍDIOS DA CACHAÇA: EXPERIÊNCIA, MEMÓRIA E RELAÇÕES DE PRODUÇÃO DA AGUARDENTE DE IGARAPÉ-MIRI/PA A PARTIR DA JUSTIÇA DO TRABALHO (1974-1978)
Justiça do Trabalho; Amazônia Tocantina; Engenhos de cachaça; Igarapé-Miri;
Este trabalho tem o objetivo de analisar historicamente os dissídios trabalhistas envolvendo elementos da produção de aguardente em Igarapé-Miri/PA a partir da documentação proveniente da Junta de Conciliação e Justiça de Abaetetuba entre 1974- 1978. Pretende-se observar a história do município de Igarapé-Miri/PA nas suas intersecções com as atividades de incursão e povoamento coloniais na região aliadas a implementação da produção de aguardente, encarando está prática produtiva como uma faceta da estratégia colonial, reproduzindo ao longo do tempo e se consolidando como a principal atividade econômica da região até o século XX, quando a situação produtiva se desagrega, alterando as relações sociais da produção da cachaça. A presença da Junta de Conciliação e Justiça do Trabalho em Abaetetuba, possibilita uma construção narrativa com vistas a contribuição com novas facetas sobre o mundo do trabalho na Amazônia Tocantina. Os dissídios trabalhistas envolvendo os trabalhadores e trabalhadoras do Engenho Brasil que, a partir do ano de 1974, iniciam uma série de reclamações trabalhistas contra Julião Simplício de Oliveira, fornecem fartos elementos para a compreensão da dinâmica produtiva e suas contrapartidas estabelecidas pela tradição. Respondendo ao contexto adverso da década de 1970, as fontes indicam a falência das práticas produtivas e das relações de barracão, ocasionando e fornecendo elementos compreendidos como legítimos pelos trabalhadores para a construção de estratégias coletivas voltadas a reparação econômica a partir da Justiça do Trabalho em contraposição ao poder estabelecido pelo engenheiro a partir do barracão do engenho.