O GÊNERO DEBATE PÚBLICO REGRADO: UMA PROPOSTA PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES ARGUMENTATIVAS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Argumentos. Gênero debate público regrado. Estratégias. Protótipo
Este trabalho de pesquisa surgiu de reflexões tecidas ao longo de anos de atuação na docência do Ensino Fundamental e Médio, durante os quais observamos limitações por parte de alunos ao falar e escrever sobre temáticas polêmicas, quando é preciso se posicionar, elaborar e articular argumentos para a sustentação de pontos de vista. Isso nos levou a postular a prática do gênero debate público regrado em sala de aula, como um instrumento didático eficiente na tarefa de auxiliar o professor na formação de sujeitos mais preparados para o exercício da palavra nos espaços públicos de interação social. Propomos, assim, como objetivo central do presente trabalho, sugerir estratégias para o ensino-aprendizagem do gênero oral bastante apreciado e alinhado às práticas de linguagem contemporâneas, com vistas a contribuir para a formação de sujeitos capazes de expressar pontos de vista e de defendê-los por meio de argumentos éticos, plausíveis e diversificados. Posto isso, pretende-se também criar possiblidades para que o aluno possa se expressar através de bons argumentos; promover o interesse pelas discussões por meio de temas atuais, relevantes e polêmicos; promover o engajamento social e politizado. O referencial teórico está respaldado na concepção de gênero discursivo como “formas relativamente estáveis de enunciado” (Bakhtin, 2003), assim como nas teorias relacionadas a gêneros do discurso e gêneros orais de Rojo e Barbosa (2015), Travaglia et alii (2017), Costa (2008) e Jacob; Diolina; Bueno (2018); na argumentação como “um campo vasto, complexo e multidisciplinar” (Paulinelli, 2014), apoiado em Weston (2005), Perelman (1996), Amossy (2020), Silva (2016), Koch e Elias (2016). A metodologia de realização da pesquisa está ancorada na pesquisa-ação proposta por Thiollent (1986) e Godoy (1995). A intervenção foi aplicada em uma escola de Ensino Fundamental, sendo organizada em oficinas semanais, privilegiando produções orais, tendo como principal instrumento um protótipo didático que, na definição de Rojo e Moura (2012), “são estruturas flexíveis e vazadas que permitem modificações por parte daqueles que queiram utilizá-las em outros contextos que não o da proposta inicial”. Assim, desejamos inspirar possibilidades que possam ser editadas e adequadas ao contexto de cada professor e cada aluno.