CENTRALIDADE URBANA E FEIRAS LIVRES: O PAPEL DAS FEIRAS NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO E REGIONAL NA AMAZÔNIA, O CASO DE MARABÁ.
Feiras livres; Centralidade; Rede urbana; Urbanização na Amazônia; Marabá
O presente trabalho dedica-se a investigar a dimensão da centralidade presente nas feiras livres de Marabá. Busca-se demonstrar como esses espaços de atividades comerciais dotados de múltiplos sentidos econômicos, sociais, políticos e culturais, produzem e refletem as transformações na natureza da centralidade de uma cidade média, tanto na escala intraurbana, quanto na escala interurbana, se adequando a passagem de uma organização da estrutura da rede de localidades centrais baseada em uma forma dendrítica para uma estrutura articulada em torno de dois circuitos da economia urbana. Pretendemos demonstrar ainda como as feiras livres contribuem ao mesmo tempo para a produção do espaço no interior da cidade e para a constituição de nodalidades fundamentais para a manutenção de um modo de vida ligado os espaços rurais sub-regionais. Inicialmente, é apresentado um referencial teórico que suscitar um debate sobre como o fenômeno da centralidade foi concebido pelas ciências espaciais a partir de pressupostos de realidades urbano-industriais consolidadas do Norte Global, e como autores como Roberto Lobato Corrêa e Milton Santos desenvolveram noções que reinterpretam a capacidade de articulação de fluxos das cidades a partir da realidade dos países de industrializa tardia do Sul Global. Em seguida, a partir de uma leitura espacial, com base nos conceitos de estrutura, forma e função demonstramos como as dinâmicas econômicas, políticas e sociais dos últimos 70 anos influenciaram na organização e estruturação das feiras livres em Marabá, permitindo compreender as suas rupturas e continuidades diante da expansão da lógica urbano- industrial e da modernização das atividades econômicas postas em curso pelo movimento de integração da região do Sudeste do Pará à divisão nacional e internacional do trabalho. Por fim, evidenciamos, com o uso de registros orais e fotográficos, como as feiras livres apresentam sentidos e funções no cotidiano da cidade que reforçam a sua importância como espaços centrais no interior do sistema urbano.