A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO LIVRO DIDÁTICO: POR UM ENSINO SOCIOLINGUÍSTICO NAS AULAS DE LINGUAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL
Ensino; Sociolinguística; Livro didático; Preconceito linguístico
Neste trabalho, apresentamos os resultados de uma pesquisa realizada com alunos do 9º ano B, de uma escola da rede municipal de ensino, situada na cidade de Amarante do Maranhão/MA. Partimos da necessidade de abordar em sala de aula as variedades linguísticas desprestigiadas, uma vez que os alunos que fazem uso das mesmas sentiam-se inferiorizados por acharem que não sabiam falar corretamente. A partir de uma perspectiva sociolinguística, utilizamos os gêneros textuais digitais e realizamos atividades propostas no livro didático (LD) para que os alunos da turma pesquisada pudessem compreender situações de uso e adequação das variantes linguísticas de maior e menor prestígio social, com o objetivo de ampliar o vocabulário, a capacidade de argumentação e diminuir o preconceito linguístico. Por se tratar de um projeto desenvolvido durante a pandemia, algumas atividades tornaram-se inviáveis, contudo, ajustamos as práticas de ensino às condições de acesso dos alunos. Por recomendação da secretaria de educação do município, utilizamos o LD em todas as aulas, por ser um material que todos alunos tinham acesso. Para subsidiar esta pesquisa, buscamos suporte nos estudos de Bagno (2007), Bortoni-Ricardo (2004, 2005) e Marcuschi (2007); para os estudos relacionados aos letramentos baseamo-nos nas teorias de Street (2014), Kleiman (2005) e Soares (2015), além das orientações contidas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017). A análise do livro didático e a pesquisa participativa foram as metodologias utilizadas para gerar e analisar os dados deste estudo. Ao longo das atividades realizadas, foi possível estimular a leitura e escrita dos estudantes, assim como inserimos nas aulas de linguagem textos que apresentam o caráter heterogêneo da língua portuguesa, que contribuíram para a compreensão de que a quebra do preconceito social e linguístico só ocorre pela educação e pelo respeito às práticas de linguagens do outro.