PRÁTICA CULTURAL DOCENTE: O HABITUS PROFESSORAL DOS EGRESSOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO/UNIFESSPA
Educação do Campo. Prática Docente. Habitus Professoral
O presente trabalho tem por objetivo analisar o habitus professoral dos egressos do curso de Licenciatura em Educação do Campo da UNIFESSPA, uma vez que esse docente deverá enquadrar-se no perfil de Educação do Campo, respeitando duas necessidades, a da especificidade e da educação para emancipação, para além da lógica da educação rural. Estuda-se, assim, a prática desses novos docentes não só a partir da influência de uma formação acadêmica, mas considerando toda a conjuntura social, econômica, de Estado neoliberal, dos movimentos sociais do campo, seus agentes, suas lutas e as políticas públicas para a Educação do Campo na região até chegar na prática do professor em sala de aula e seu entorno, suas relações interpessoais, a história de vida, os quais são condicionantes múltiplos de uma prática cultural que se desenvolve na experiência de cada um e na experiência coletiva. Contam como bases teórico-metodológicas acerca da epistemologia da prática, Bourdieu além de Perrenoud (2001), Lessard e Tardif (2008), que desenrolam sua teoria para o campo educacional, porém, numa reconstrução metodológica; faz-se dialogar com os estudos de Certeau no sentido de observar a pluralidade e a resistência. A pesquisa foi realizada no ano de 2015 com três professoras formadas pela LPEC/Unifesspa e atuantes nas escolas rurais na região do sudeste do Pará. O método escolhido baseou-se na sociologia praxiológica, a qual considera ser a realidade um objeto mutante, visto que é feita pelo ser relacional, reflexivo e histórico. Com um estudo de caso e pesquisa qualitativa, a análise feita a partir de dados coletados por entrevistas e observação em sala de aula, postulou que os egressos do curso de Licenciatura em Educação do Campo através de suas práticas contribuem para o projeto em construção de um novo espaço social da educação do campo, sendo influenciados teoricamente pelos estudos e pesquisas desenvolvidas na atuação acadêmica, contudo, se deparam com situações sistêmicas estruturantes e estruturadas, sendo trazidas e construídas pelas intermediações dos campos circunvizinhos de outras ordens ideológicas, estando essas situações não somente em ações externas e alheias à vontade do professor, mas em ações internas disponibilizadas em esquemas históricos e ontológicos das práticas culturais docentes, e, sendo assim sendo também definidos por habitus dominantes que perpassam a prática desses, constituindo-se numa prática heterogênea.