Tendências da produção rural na Amazônia brasileira: o caso da região de Marabá no período intercensitário (1996-2006)
Agricultura Familiar; Desenvolvimento Regional; Agricultura Patronal.
O espaço agrário brasileiro passou por mudanças intensas a partir da metade do século passado. Dentre as mudanças mais significativas, destaca-se a modernização conservadora da Agricultura brasileira, no sentido de garantir a elevação da produtividade, o que não assegurou uma nova política de reforma agrária, gerando conflitos e intensificando os já existentes. Portanto, este trabalho analisa um exercício de demonstração da essência dos dados relativos ao intervalo de dois Censos Agropecuários (1996/2006), na perspectiva da dinâmica agropecuária considerada recente na Amazônia. A região de Marabá, onde se dá a materialidade da pesquisa, é marcada historicamente pela concentração da terra e também pela grande presença da população e produção camponesa. Demonstra-se que, diferentemente de outras regiões da Amazônia, especialmente das fronteiras mais antigas, a ocupação territorial e de reprodução camponesa na região de Marabá, possui uma forte tendência de pecuarização decorrente da forma como os camponeses internalizam condicionantes em níveis meso e macro, especialmente os assentados da reforma agrária como forma de acesso à terra e à oferta de crédito rural. Neste sentido, o trabalho aborda as estratégias, a partir do acesso às políticas públicas de desenvolvimento rural, as dinâmicas das tendências produtivas e suas condicionantes presentes na região de Marabá. Observou-se que mesmo diante das implicações históricas de concentração e uso da terra na região de Marabá, por grupos econômicos hegemônicos, o que se demonstra como clara perspectiva de Desenvolvimento Regional é a prática da Agricultura Familiar, que, embora marcada por complexidades apresenta-se como forma viável a garantir verdadeiramente a sustentabilidade com inclusão social.