O PRONATEC E A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO CAMPO:
a disputa de sentidos no interior uma política de formação do camponês
Análise de discurso; educação técnica; educação do campo
A pesquisa propôs analisar o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de Auxiliar Técnico em Agropecuária, curso de curta duração do PRONATEC na modalidade Campo, oferecido pelo Instituto Federal do Tocantins, tendo como o público alvo os agricultores familiares de assentamentos localizados em Araguatins, estado do Tocantins. Tomando o projeto pedagógico como corpus, este estudo se ampara na análise de discurso de matriz francesa, buscando analisar os efeitos de sentido (memórias discursivas e interdiscurso) que se produzem a partir da polissemia das principais noções utilizadas. O discurso no ponto de vista da AD é percebido como uma fonte geradora de sentidos, os quais criam efeitos que na maioria dos casos não estão diretamente ligados às intenções do locutor, ou seja, o locutor não é dono do seu discurso, não tem domínio sobre ele: o discurso é uma produção da sociedade em suas tensões. A dinâmica de desenvolvimento produzidas na Amazônia produz uma memória que atravessa os enunciados do PPC, fazendo com que uma formação discursiva tecnicista dialogue, na heterogeneidade discursiva, com as elaborações mais recentes da educação do campo, a qual denomina-se neste trabalho de formação discursiva da protagonismo. A formação discursiva tecnicista é evocada nas marcas discursivas desenvolvimento, qualificação, educação profissional, população carente. Disputando as noções de desenvolvimento e de formação e assumindo, na marca educando, a proposição freiriana, a formação discursiva do protagonismo retoma as críticas a uma educação bancária e propõe uma educação libertadora. As relações entre educação e trabalho, então disputam espaço no interior do discurso do PPC, às vezes aparecendo como imbricadas e destinadas à emancipação camponesa, às vezes cindidas e destinadas à formação do trabalhador flexível a serviço da dinâmica capitalista.