PROJETO “EDUCAR NA DIVERSIDADE”: PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO DOCENTE
PALAVRAS-CHAVE: Discurso. Formação docente. Saber. Poder. Subjetividade
A presente dissertação tem como objetivo analisar discursos produzidos no interior de uma política pública educacional nomeada inclusiva, materializada no documento de formação docente “Educar na Diversidade”, em que se verificam processos de objetivação e subjetivação legitimadores de verdades e de um saber sobre o professor, na relação com o poder. O referido documento é produto de uma rede colaborativa que se inicia como um projeto envolvendo os Ministérios da Educação dos países integrantes do MERCOSUL (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai), coordenado pelo Brasil. Organizado e distribuído pelo Ministério da Educação brasileira (MEC), através da Secretaria de Educação Especial, no ano de 2006. Com este documento, o Estado brasileiro anuncia estar atendendo ao propósito de implantação de um instrumento voltado à formação de professores, com a perspectiva de construir sistemas educacionais inclusivos para atender à diversidade dos alunos, para combater, segundo a proposta, a exclusão educacional e social no âmbito do sistema de ensino. Sendo assim, nossas análises se voltam a apreender os modos como a subjetividade do professor é modelada e remodelada a partir de orientações centradas em modelos e práticas supostamente capazes de produzirem sujeitos para atuarem numa dada ordem política e pedagógica. Para a pesquisa, mobilizamos os conceitos foucaultianos de subjetivação, sob a ótica de uma “vontade de verdade’’ e da relação saber/poder, em que o funcionamento discursivo produz subjetividades de um professor para a diversidade, estabelecendo diálogos com teorias que se ocupam da temática da deficiência. Destacamos no documento “Educar na Diversidade” (2006), a regularidade de enunciados presentes nos módulos do documento que organizamos a partir dos seguintes temas: A Política universalizante no cuidado da população; Processos normalizadores de subjetivação; Regimes de refinamento da prática docente e Práticas de si. Nossas análises nos levam a concluir que os regimes de verdade presentes no documento se validam pela eficiência dos resultados, de forma que as práticas do professor surgem sob a ótica da eficácia e das habilidades, do como fazer, enfim, do utilitarismo tão presente nas políticas públicas de enfoque neoliberal.