AGRICULTURA FAMILIAR E OS ANTIGOS CASTANHAIS: ESTRATÉGIAS DE MANEJO PRODUTIVO DAS FAMÍLIAS DO PROJETO DE ASSENTAMENTO CASTANHAL ARARAS
Reforma agrária, Dinâmicas Territoriais, Sustentabilidade.
A região sudeste do Pará teve dentro de seus ciclos econômicos um dos mais importantes que foi o da castanha, sendo que nesse período foram constituídos os grandes latifúndios que mais tarde seriam palco de disputa, devido às desigualdades socioeconômicas que se agravavam na região. Essas desigualdades geradas pela irregular distribuição de terras e de renda acentuaram a organização da maioria expropriada aumentando a tensão social. A união desses fatores somados a exploração desenfreada da natureza com a transformação das florestas em pastagens, a ação da agroindústria e a produção familiar baseada na cultura de corte e queima, ampliam a degradação ambiental da região. A maioria dos assentamentos da Reforma Agrária da região do Sul e Sudeste do Pará são caracterizados pelo amplo desenvolvimento da pecuária extensiva e monocultivos, que acompanham os ciclos econômicos e as políticas públicas de desenvolvimento que favoreceram a expansão do capital nesta região. A pecuária bovina foi introduzida nesta região na década de setenta, impulsionada pelas dinâmicas territoriais de ocupação e apoiadas por uma política de governo de estímulo a criação de gado para abastecimento de carne ao mercado local e posterior a esse período a pecuária tornou-se uma das principais atividades econômicas da região. Este estudo parte da pergunta: Diante da crise da pecuária extensiva e da mudança fundiária regional, como os agroecossistemas familiares do Projeto de Assentamento Castanhal Araras buscam novas estratégias de vida mais sustentáveis? Assim, a hipótese formulada para esta dissertação, é de que no Projeto de Assentamento Castanhal Araras, os agroecossistemas familiares inovadores têm contribuído para minimizar os impactos da degradação ambiental causada pela pecuária bovina e pelo monocultivo. Este trabalho teve como objetivo analisar estratégias de manejo produtivo das famílias na busca de agroecossistemas mais sustentáveis. Vinte e cinco agricultores com diferentes sistemas de produção foram divididos em cinco grupos e entrevistados, através de coleta de dados primários e secundários, sendo que cada etapa da pesquisa seguiu uma metodologia especifica, levando em consideração a metodologia da pesquisa participativa. Foi observado, pouca tecnologia empregada e pouca diversificação dos sistemas ditos alternativos, como os Sistemas Agroflorestais e o emprego dos princípios agroecológico, percebendo-se que muitos agricultores realizam a atividade mas não as denominam como experiências inovadoras ou tecnológicas. A tipificação identificada foi 1) agricultores com 100% gado; 2) agricultores extrativistas de cupuaçu e açaí e 3) agricultores com sistemas agrícolas de cultivos temporários, refletindo a dificuldade de maior diversificação dos sistemas produtivos devido a baixa fertilidade dos solos, falta de assistência técnica e de políticas publicas de incentivo as tecnologias alternativas de produção.